A minha escrita é um presente
Demorei para ver a minha escrita como o presente que ela é na minha vida e na vida das pessoas que recebem o meu afeto através da minha escrita. Como alguém comprometida com a validação das outras pessoas, tinha facilidade em ver a escrita das pessoas que eu queria e desejava me conectar como presente.
Presente tanto no sentido literal de receber uma mensagem, texto, e-mail ou carta, e também no sentido figurativo de me sentir presenteada porque alguém dedicou um tempo para me escrever e me ajudar a esquecer da solidão que eu sentia.
Tive a iniciativa de mandar cartas para o endereço das pessoas, pois queria provar para elas o quanto gostava delas (secretamente desejando que elas me dessem retorno por carta ou de outra forma, e me ajudassem a combater um pouco da carência e da solidão que me pesava). Não sei exatamente o que eu me disse para desistir de continuar mandando cartas, mas suspeito que a praticidade de mandar mensagens virtuais ajudou.
(Adoraria reencontrar em algum momento qualquer uma dessas cartas que enviei.)
Em 2021, uma vida após enviar aquelas cartas e normalizar escrever com mais frequência virtualmente do que no papel, enfim me incomodou pensar que a maioria das pessoas com as quais eu convivia não conheciam a minha letra. E eu quis que as pessoas tivessem como conhecer a minha letra.
(collage digital criada a partir de um trecho de um texto que escrevi.)
Primeiro eu experimentei criar algumas collages digitais a partir de algumas fotografias que fiz de palavras que escrevi. Um tempo depois criei o meu primeiro caderno diário. E atualmente estou começando a criar o hábito de escrever em cartões de presente que tenho criado com as minhas collages para presentear as pessoas às quais desejo demonstrar o meu afeto.
Curiosidade: A logo que eu criei para o Afeto Collage foi criada a partir da minha letra.
A ideia de criar cartões de presente surgiu como uma forma de ressignificar a sugestão que recebi de criar cartões postais com as minhas collages de paisagens de cidades. Testei criar postais e não me agradei do processo, nem do formato. Entre receber a sugestão e ressignificá-la passaram muitos meses.
Estava aqui tentando lembrar quando comecei a criar os cartões de presente e fiquei na dúvida se foi em abril, se foi pouco antes ou pouco depois. A criação destes cartões se tornou viável porque eu me propus e pretendo seguir me propondo apresentar eles no formato A5.
(Nesta imagem estou segurando um dos cartões de presente que criei com collage minha.)
Havia sido prazeroso apresentar minhas collages em adesivo, em ìmã de geladeira, mas não se compara a experiência de mostrar as minhas collages em calendários e/ou no formato de cartão de presente.
Pode ter relação com o tamanho das imagens, pode, mas também tem relação com o fato da relação que eu tenho ou posso ter com calendários de parede e cartões de presente são mais interessantes para mim, do que a que posso ter com adesivos ou ìmãs de geladeira.Também impacta que tenho gostado de dar calendários e cartões de presente para as pessoas que convivo.
Somado a manutenção do desejo de que as pessoas conheçam a minha letra tenho buscado que elas recebam mensagens minhas escritas à mão.